29 dezembro 2014

Moonrise kingdom (filme)


Sam parte para o acampamento de verão dos escoteiros com um plano bastante especial: fugir com sua namorada por correspondência, Suzy. Morando em uma ilha minúscula de 26 km de comprimento, os dois se conheceram pouco tempo antes, em uma apresentação de Suzy na igreja, e desde então vem mantendo um contato cheio de promessas e carinho.


Aos doze anos, espera-se que ou Suzy ou Sam consiga medir as consquências de fugir de casa, mas nenhum dos dois tem realmente gosta do que deveria chamar de “lar”. A menina é extremamente agressiva, perdendo o controle de si mesma com os menores acontecimentos, e recentemente descobriu que é um dos maiores problemas da vida de seus pais. Já Sam também tem problemas de auto controle, piorados pelo fato de, como um orfão, viver em uma família adotiva no esquema americano (onde as mesmas recebem dinheiro para cuidar temporariamente das crianças), a última de um número tão alto que ele já perdeu as contas.


Armados com equipamento roubado por Sam, os dois partem em sua aventura romântica pela natureza exuberante da ilha, encontrando alguns poucos problemas práticos e, obviamente, despertando o desespero da polícia, não acostumada a ocorrências do tipo por ali.


Como um filme feito para crianças (no estilo de Pequenos Espiões, um dos meus favoritos da infância) Moonrise Kingdom é cheio de pequenos absurdos, coisas levemente impossíveis que não deixam o filme ridículo ou o colocam na categoria de fantasia, mas sim dão um leve tom cômico, um sinal para o espectador que ele não deveria levar o narrado ali tão a sério.


Mas o que nasce com a história de dois pré-adolescentes apaixonados se ramifica muito mais profundamente conforme os minutos do filme vão passando: cortados com cenas non-sense e engraçadissimas, os problemas de socialização de Suzy e Sam e a dinâmica da família da menina são exibidas de forma discreta, do tipo que pode-se perder caso pisque os olhos, mas está ali de qualquer jeito. Aliás, creio que um dos poucos erros de Moonrise Kingdom foi não explorar de forma melhor alguns desses conflitos, que renderiam subplots curtos, mas instigantes.


Pessoalmente, adoro essa capacidade de alguns criadores de tornar o que outrora seria uma história simples e quiçá clichê em algo único. O que ajuda em Moonrise Kingdom não é só a ramificação da história, mas também os personagens secundários. O líder dos escoteiros, Ward, é risível em sua incompetência em cuidar de seus garotos, escondida habilidosamente atrás de uma postura desesperada de liderança. Já o Capitão Sharp, o policial responsável pelo caso, é um homem extremamente triste e com poucas habilidades sociais, que ao entrevistar moradores locais em busca de informações, revela cada vez mais da sua personalidade.

Só assisti Moonrise Kingdom por ter lido sobre o seu diretor, Wes Anderson, em algum lugar – é dito que Anderson é facilmente identificável pelas cores em seus filmes, extremamente belas e únicas. De fato, a fotografia de Moonrise Kingdom é impecável, e a junção disso com uma história de amor cheia de desventuras me lembrou um pouco de Submarino.


Sem grandes lições, Moonrise Kingdom é um filme gostoso de se ver, uma boa escolha para uma noite com os amigos (por ter aquele aspecto quase universal, de agradar, mesmo que em diferentes níveis, a todos) ou momentos de tédio, daquele tipo que não se enjoa facilmente depois da segunda ou terceira re-assistida. Como um filme da sessão da tarde – só que bom.

2 comentários:

  1. Oiee ^^
    Não conhecia o filme, mas parece ser bem divertido, gostei. Já anotei o nome aqui para pesquisar mais sobre depois :)
    MilkMilks
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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