26 fevereiro 2013

Seis autores de quem eu leria qualquer coisa




Na página 70 do livro A culpa é das estrelas, em um e-mail dirigido ao seu autor favorito, Hazel Grace, a protagonista, diz: “Para ser sincera, eu leria até suas listas de compras do supermercado.”.

Isso resume o que sinto particularmente quanto a muitos autores. Alguns deles são tão fantásticos e geniais que conseguiriam encantar até a coisa mais banal e cotidiana, o filme da sessão da tarde ou a coisa mais bobinha. Quando peguei esse tema do Top Ten Tuesday (como sempre adaptado, nunca consigo conter a verborragia e chegar até o final) me encontrei, como sempre acontece com minhas listas, em um impasse: os autores que mais gostei não são aqueles que li mais. Alguns dos que escreveram os livros que mais amo, aliás, nem puderam ser inclusos aqui – tenho medo de ler outro de PD James e estragar a magia que senti em Children of men.

É, essa relação autor/leitor é meio estranha.

23 fevereiro 2013

[LIVRO] Filhos do Éden




Alguns nomes de sucesso na literatura fantástica nacional já despertavam minha curiosidade há tempos – um deles é Eduardo Spohr: o fato de que seu primeiro livro, A batalha do apocalipse, é encontrado em quase todas as estantes cujas fotos estão no álbum do Skoob é um indicativo interessante. Depois de ouvir alguns podcasts com o autor a vontade só aumentou, e Herdeiros de Atlântida (primeiro livro da trilogia Filhos do Éden) não tardou a ir para a minha lista.

Já no início alguns pontinhos foram ganhos: na apresentação, o autor explica o não-retorno dos personagens de A batalha do apocalipse, tirando-o do páreo daqueles que prolongam uma série de sucesso por puro oportunismo, desgastando os personagens.

Mas o universo fantástico é o mesmo, o que não é um grande problema – é visível desde as primeiras páginas a sua complexidade. No sétimo dia, Deus (chamado de Yahweh) partiu para o seu descanso, deixando a guarda do universo com seus cinco arcanjos. Os anjos de Spohr tem características bem humanas, entre elas o ciúme, condutor da vontade dos primogênitos de acabar com a criação divina mais amada – a raça humana.

21 fevereiro 2013

[ESPECIAL] Oscar 2013 – parte três


E, finalmente, chegamos ao final da minha lista de filmes. Embora muitos sejam o tipo que não veria de outra forma, foi uma experiência bem divertida justamente por isso. As duas primeiras partes estão aqui e aqui.

19 fevereiro 2013

[FILME] 21 gramas



Não desmerecendo o Word e sua tela branca que constantemente ameaça me engolir, mas senti que deveria escrever a resenha de 21 gramas a mão. O ato de deslizar uma caneta, lápis ou lapiseira pelo papel soa bem mais artístico do que o de tocar as pontas dos dedos no teclado à velocidade da luz, por mais horrível que minha letra seja. Esse é o mínimo de sentimento que posso dar a esse filme, que evitou que eu caísse em uma ressaca cinematográfica pós Dogville. Dizem por aí que a melhor cura é continuar bebendo, e 21 gramas foi forte o bastante.

16 fevereiro 2013

[LIVRO] Tchick


Maik Klingenberg não é bonito, feio, inteligente, burro, popular, nerd – ele é simplesmente sem graça.
Um parêntesis para uma declaração: adoro personagens baunilha. Primeiro porque eles correspondem à maior parte das pessoas que não conhecemos – é difícil falar das aspirações, interesses e habilidades de alguém para quem só se dá “oi”, por exemplo. Mas principalmente porque eles são como telas em branco, em busca de um pintor habilidoso o suficiente para lhe ressaltar as formas, qualidades, defeitos e a tal da profundidade que o leitor e o humano buscam vorazmente. Geralmente, os personagens baunilha são os que mais evoluem nas histórias, e personagens que evoluem me dão uma sensação boa, uma sensação de que vale a pena acreditar nos outros (de vez em quando e com cautela, mas vale).

Provavelmente por ser tão baunilha assim, ele foi um dos poucos da sua sala a não ser convidado para o evento mais esperando das férias: a festa de Tatjana, a menina mais bonita da escola.

Sozinho em casa – o pai viajou a negócios e a mãe alcoólatra está pela milésima vez em uma clínica de reabilitação – e sem amigos, Maik realmente não sabe o que fazer. Eis que surge Tchick – também do time dos não-convidados para  a festa – um aluno novo, imigrante russo pobre e bêbado, com um irmão mais velho marginal que lhe ensinou alguns maus hábitos.

Tipo como roubar um carro.

14 fevereiro 2013

[ESPECIAL] Oscar 2013 – parte dois




Com os próximos três filmes, meu lado hipster não se deu bem – de novo.
Confira a primeira parte do post clicando aqui. A próxima, com os três últimos indicados e minhas apostas, sai na semana que vem.

12 fevereiro 2013

4 livros para quem não gosta de ler ou campanha de incentivo à leitura




Outro dia estava escutando o podcast Papo na Estante e, entre várias ótimas colocações, um dos participantes falou algo como “o Brasil precisa mais dessa literatura arroz com feijão”.

O termo ficou na minha cabeça por dias. Literatura arroz com feijão, aparentemente, é aquela despretensiosa, feita para divertir e entreter o leitor, não para suscitar discussões acadêmicas, embates filosóficos e crises existenciais. Sim, eu leio livros mais densos como Os sofrimentos do jovem Werther ou Os irmãos Karamazov, mas não é o tipo de coisa que você quer depois de um dia cheio e cansativo.

Partindo desse ponto, os convidados chegaram a outra questão: a escola (onde a grande maioria, infelizmente, entra em contato pela primeira vez com a leitura) não ajuda muito nessa formação leitora, inserindo esses tais livros densos em fases inadequadas. Não só por uma questão de linguagem – a de Machado de Assis, por exemplo, está longe de ser um bicho de sete cabeças – mas de experiência de vida. Não que um aluno do ensino fundamental não possa gostar Dom Casmurro (eu amei!) mas mais provavelmente alguém mais velho relacionaria as situações ali dissecadas com sua vida de forma mais eficiente, compreendendo porque essa é, afinal, uma das obras mais respeitadas não só no Brasil, mas no mundo.



Blábláblá a parte, devo ser mais ou menos a última a responder o selo de Incentivo a leitura – para o qual fui indicada umas cinco vezes, mas só consegui achar meu nome no post da Dasty-Sama e no Alacaazam – mas não por achar a ideia ruim, muito pelo contrário. Só achei o meme bem complicadinho de se escrever, porque não consigo me lembrar de nenhuma época em que a leitura não fizesse parte do meu dia-a-dia. Não existiu livro que me fez começar a gostar de ler. Depois de matutar um pouco, porém, cheguei a essa seleção – sim, sou rebelde, não escolhi um só.




09 fevereiro 2013

[LIVRO] A pirâmide vermelha




Quando li Percy Jackson e os dois primeiros livros da trilogia Os heróis do olimpo (resenha do primeiro aqui e do segundo aqui) adorei a forma com que Rick Riordan usou a mitologia grega. É fascinante a riqueza com que ele aplica e narra monstros, deuses e mitos, criando uma história cheia de pontos de virada e acontecimentos marcantes. Não é incomum que seus fãs procurem saber mais sobre tais lendas, em tentativas (as vezes certas) de prever o que nos aguarda nos próximos livros. Particularmente, não fui mordida pelo bichinho de “uma leitura leva a outra” – não nesse caso.

Já com A pirâmide vermelha, primeiro livro de As crônicas dos Kane, o contrário aconteceu, me fazendo correr para a Wikipedia em alguns trechos, devorando o material disponível sobre deuses do Egito Antigo, suas tradições e locais sagrados. E deixa eu te contar: isso não é exatamente bom.

07 fevereiro 2013

[ESPECIAL] Oscar 2013 – parte um




Posso ser insuportavelmente pseudo-cult as vezes, e a seleção do Oscar é onde minha detestável síndrome de floco de neve especial mais se evidencia: não raro torço o nariz para um filme só por ter sido escolhido.

Triste, mas admitir que se tem um problema é o primeiro passo para resolve-lo. Pois bem: para quebrar tal preconceito, assisti à seleção desse ano. E tive algumas boas surpresas. Esta lista não está em nenhuma ordem específica – fui selecionando aqueles que mais me interessavam e pronto. Vamos ao que interessa:

05 fevereiro 2013

Overdose: produções de época – parte dois



Como eu já disse, é tudo culpa de Jane Austen – eu não gostaria tanto de produções de época se não fosse por ela.

Mas tenho problemas com filmes, principalmente nas adaptações do trabalho da supracitada autora: há uma certa ironia, um certo ar de absurdo que é necessário capturar em uma produção de época caso queira se evitar o água com açúcar. Os três filmes a seguir, porém, conseguiram capturar isso (ao menos em parte) em cerca de duas horas, valendo cada minuto delas.

02 fevereiro 2013

[LIVRO] The children of men


Todas as grandes histórias que já li versam sobre um só tema: esperança.
Seja a falta ou o excesso dela, direta ou indiretamente. É o que mantém os personagens de pé, concretiza amores impossíveis e lhes dá coragem. É o motor da ficção, assim como é o motor da humanidae.

The children of men é, em parte, sobre a falta de esperança. Theo é um professor universitário de meia idade, divorciado, sem filhos e de poucos amigos. A sua apatia quanto a vida exala do seu diário, do qual acompanhamos algumas páginas durante a narrativa, com uma melancolia extrema que salta aos olhos.

Isso poderia ser uma história comum se, vinte e cinco anos antes do início da nossa história, um desastre bem peculiar não houvesse ocorrido: o término da fertilidade humana. Sem nenhuma razão aparente, mulheres pararam de conceber e o caos foi generalizado. Pensem comigo: o quão estranho é um playground sem a risada de crianças? Filhos sem irmãos, escolas sem alunos?