A primeira série que acompanhei de verdade foi a já
finalizada LOST, que despertou um
séquito gigantescos de fãs enlouquecidos, loucos que passavam suas madrugadas
reassistindo os episódios cena por cena a fim de achar um pequeno detalhe que
possa ajudar na resolução de quaisquer dos inúmeros mistérios da Ilha que abrigou
os sobreviventes do vôo 815.
Segundo produtores e alguns fãs, o final estilo espírita –
que deixou quase todos os mistérios não resolvidos – só serviu para reafirmar a
crença de que LOST falava sobre as
pessoas e seus relacionamentos em uma situação extrema. Essa fã daqui? Bom, não
gostei nadinha: como é ruim esperar por anos para não ter os mistérios (que
eram realmente de tirar o sono) da ilha resolvidos! Desde então, não tenho
assistido muito mais séries nesse estilo, cheias de mistérios que poderiam
envolver até empresas estilo ficção científica ou criaturas sobrenaturais .
Agora quebro o jejum com Siberia.
A proposta é de animar qualquer amante de ficção pós
apocalíptica: sem saber o que lhes aguarda, dezesseis participantes de um
reality show são jogados no meio da Siberia,
onde devem sobreviver até o inverno para ganhar o grande prêmio em dinheiro.
Sim, a Siberia, aquela região na
Rússia tão inóspita que abrigava prisões sem muros – se os presos fugissem,
provavelmente morreriam na floresta.
A produção do reality show reproduziu um pequeno povoado de
1908, cujos habitantes morreram ou desapareceram. Nada de comida, roupas extras
ou energia elétrica, somente machados e outras ferramentas mais simples, camas
e alguns cobertores.
Eu sei que alguns filmes e séries fazem a sobrevivência
parecer fácil – basta caçar, ué! Ah, quem dera: logo no começo, os
participantes tem uma dificuldade imensa para acender uma fogueira (não é só
esfregar uma pedra na outra, aparentemente) além da dor de estômago ocasionada
pela fome – quase não existem frutas por ali.
Para algumas pessoas, essa vida escassa é mais fácil do que
para outras. Johnny, que participa de rodeios para sobreviver e viveu sua vida
inteira na fazenda, sabe algumas coisas úteis sobre caça – infelizmente, ele é
o personagem mais arrogante de toda a serie, fazendo com que todos fiquem
realmente relutantes em pedir sua ajuda. Para o sério porém gentil Sam não é
tão fácil: ele fica com um mau humor imenso ao menor sinal de fome.
E agora você me pergunta: o que essa versão estranha de No Limite tem a ver com LOST? Logo no primeiro episódio, os
participantes percebem que não estão em um reality show comum: um acidente leva
a morte de um dos participantes, não auxiliada rapidamente pelos produtores.
Eles estão realmente sozinhos na Siberia, a falta de regras, amarras e
prevenção é real.
Mais coisas estranhas continuam a acontecer, e o nível de
medo e as questões crescem a cada episódio. Para quem assiste reality shows
americanos com freqüência, é impressionante ver como os produtores de Siberia conseguiram importar bem o
formato: desde os personagens (um grupo heterogêneo e cheio de “tipos-padrão”) até pequenos
acontecimentos e conflitos são semelhantes ao de um reality comum. Com exceção
de, é claro, os mistérios, que tornam a vida de todos no acampamento cada vez
mais perigosa.
Agora, eu tenho que dizer que não me surpreendi muito quando
vi que Siberia não tinha uma nota lá
muito alta no site de cinema e séries IMDB. De forma geral, as coisas que eu
pessoalmente considero boas ficam acima de 7, mas Siberia tem um parco 5,5.
Em primeiro lugar, temos os atores. Eles são muito bons nas
“conversas com a câmera” típicas de realitys, mas falham de vez em quando em
cenas que teriam exigido um ganhador da Palma de Ouro. É uma mistura de
fatores: quase todos eles não são tão conhecidos nem tão bons assim, e Siberia é pretensioso demais em algumas
de suas cenas. Dá para agüentar bem, porém.
Depois temos o que eu considero um defeito grave: as
personagens femininas. Desde Esther, a “jogadora” mais habilidosa, até a
isolada Sabina, Siberia tem um
problema serissimo com estereótipos. Eles também se expressam nos personagens masculinos
(Daniel, por exemplo, é o fofo que sempre ajuda todo mundo; Neeko o líder que
você odeia, mas precisa e Johnny o imbecil arrogante que sempre tem um ás na
manga) mas não de forma tão negativa. Poxa, Siberia!
Minha esperança é que com o passar dos episódios, elas se tornem cada vez
melhores e mais tridimensionais. Felizmente já vejo isto vindo.
Mesmo com todas as comparações com LOST, eu espero sinceramente que Siberia não se torne um “novo LOST”.
Quero os mistérios resolvidos, e não acumulados e enrolados. No mundo das
séries, um final ruim é ainda pior do que um cancelamento prematuro.
Muito boa a indicação. Não conhecia a série, mas parece que tem muito a oferecer. Vou procurar para assistir.
ResponderExcluirEstou seguindo seu blog para acompanhar as atualizações e sempre que puder fazer uma visita.
Abraços
http://reaprendendoaartedaleitura.blogspot.com.br/
Isabel, Siberia é meu mais novo objeto de devoção quando se pensa em séries - mas tô com um medo danado de que ela não passe da primeira temporada, assim como The River!. - A cada episódio fico mais curioso com o que se passa, e, como já estamos mais avançados na narrativa, as personagens meio que já "assentaram" em minha preferência: tenho uma tendência a abraçar os excluídos e mais estranhos, então Sabina e Johnny sempre foram meus preferidos, assim como nunca gostei do Neeko e o Miljan me dá nos nervos.
ResponderExcluirE concordo, algumas coisas ficam a desejar - acho que os produtores deram um jeito até competente de justificar o prosseguimento das filmagens, mas num todo a coisa não cola muito, ficam alguns buracos.
O último episódio que assisti, o S01E08 adicionou algumas coisas interessantes, já fico ansioso pelo próximo.