Acabei de chegar do cinema onde assisti com minha
irmã Universidade de Monstros, a
prequel para o muito famoso Monstros S/A.
Adoro assistir animações no cinema por um motivo: o clima em geral é tão feliz
(e/ou emocionante) que não consigo me incomodar muito com os freqüentadores
extremamente mal-educados, que acham que conversar, atender ao telefone (“to no cinema, cara!!”) ou narrar a
história (“aposto que agora ele vai abrir
a porta! Abriu! Não disse?”, “Olha o zumbi ali! Não, faz silêncio, idiota!”) sejam
boas idéias.
Mas seja em casa ou seja no multiplex local, uma
coisa é mais do que certa: as animações que assisti recentemente (sobretudo as
da Pixar) tem me deixado com uma sensação incrível de vazio.
Sim, vazio. Assim como na literatura
infanto-juvenil, os desenhos animados (feitos, supostamente, para crianças) são
algumas das obras de ficção que mais admiro. Como é possível colocar coisas e
ideias tão complexas em algo que até mesmo alguém nas fases mais primárias do
desenvolvimento consegue entender? E mais: sem subestimá-los, explicando tim
tim por tim tim?
Segundo o cineasta dos brilhantes Wall-E e Toy
Story nessa palestra que nunca me canso de assistir, o segredo para uma boa
história está no princípio mais básico da humanidade: a empatia. Faça com que
eu me importe com os personagens – mesmo se for para torcer que ele quebre a
cara – e kaboom! Temos uma história de sucesso quase garantido. Cinquenta
tons de cinza não vendeu por causa de Christian Grey ou por tratar de um
tema “tabu”, e sim porque Anastasia Steele é tão genérica que qualquer leitora
destreinada se identificaria com a moça. Eu não sou você, mas poderia ser. Já
me senti desajeitada/deslocada/tanto faz um dia também.
Não digo que não liguei para os rumos de Sullivan
ou Mike em Universidade de Monstros –
até porque nós temos um passado juntos que me impediria de tal heresia – mas
não houve aquela magia, aquela ligação, aquele desespero que me fez,
anteriormente, querer entrar na telinha e resolver as coisas para os que
estavam lá dentro. A fórmula usada foi a mesma, a qualidade “técnica” só
melhorou, mas não adianta. Não há o respeito ao princípio de Walt Disney de uma
lágrima a cada gargalhada.
O enredo de Universidade
de Monstros é, como esperado, razoavelmente simples: regredimos alguns anos
no tempo para ver Mike, o “olho verde”, entrando na Universidade de Monstros,
uma muito respeitada instituição de ensino. Assim como o enorme e até então
desconhecido Sullivan, Mike se matricula no curso de Sustos, enfrentando uma
enorme descrença de todos (inclusive da assustadora coordenadora do curso) por
não ser “assustador o suficiente”.
Mike se esforça e é o aluno mais aplicado (talvez
de toda a Universidade) mas não consegue ser o suficiente. O mesmo acontece com
Sullivan, mas por um motivo diferente: sua aparência e histórico familiar (o
seu pai é um Assutador bem famoso) ele não vê a necessidade de se esforçar em
suas matérias. Os dois são logos expulsos do curso, e se vêem presos entre duas
opções: ou continuar na muito entediante carreira de Engenharia de Cilindros ou
se unir a um grupo de doces “desajeitados” de uma Fraternidade e ganhar uma
competição de sustos, provando assim a coordenadora que a expulsão dos dois foi
um erro.
Sim, o enredo não é inovador – mas se você pensar
bem, nem mesmo o do maravilhoso Wall-E
ou do emocionante Up! Altas aventuras
é. Sim, eu dei risada e chorei um pouco, além de adorar como os desafios foram
espaçados ao longo do filme, mas faltou aquela coisa inominável, que separa o
bom do fantástico. O mesmo que faltou em Valente,
o mesmo que parece faltar em todo filme da Pixar nos últimos tempos. Onde está
aquela sensação de maravilhamento que era garantida assim que eu colocava o pé
no cinema?
Pixar, seus
verdadeiros monstrinhos são seus espectadores – exigentes como um chef francês,
querem uma sensação de dejá-vu ao entrar no cinema. Sensação que, infelizmente,
não está vindo mais.
Eu gostei de Universidade de Monstros... não tanto quanto o primeiro, mas gostei. Mas será que essa falta de sensação de maravilhamento não seria por um certo "comodismo" da Pixar/Disney? Ficaram tão acostumados que toda animação é sucesso, que andam caindo no mais-do-mesmo?
ResponderExcluirExato! Acho que rola a velha vontade de ganhar grana aí...
ExcluirIsabel, na metrópole onde moro não tem cinema, então faz um bom tempo que não vejo nada, mas faz um tempo ainda maior que as animações da Pixar não mexem comigo me fazendo querer assistir a outros produtos da empresa. Não sei, acho que eles precisam, de alguma forma, se reinventarem.
ResponderExcluirSim! Já nos acostumamos com a fórmula antiga, agora eles tem que inovar...
ExcluirPensei que era só o sentimento de crescer me fez perceber a falta de graça nos filmes da pixar. Que bom que você compartilha esse sentimento também!
ResponderExcluirAdorei sua resenha. Qualquer dia desses vou assistir no meu PC ;)
ResponderExcluirbookaholicandshopaholic.blogspot.com
Estava querendo ir assistir no cinema, mas agora fiquei em dúvida se não é melhor esperar um pouco e baixar...
ResponderExcluirAcho que o último filme da Pixar que eu gostei de verdade foi UP, mas nem tenho mais certeza, não consigo me lembrar de outros (além de Valente) aos quais eu tenha assistido recentemente. Sei lá, deu branco!
Beijo!
Gabriela.
Nossa, vc tem toda razão, acho que o último da pixar perfeito foi UP
ResponderExcluirEu não vi Universidade Monstros então não posso falar, mas veja Meu Malvado Favorito 2 é MUUUUUITO engraçado, fofo e cult cult rsrs
Beijos
Não vi o um, então nem fui pro cinema assistir o dois haha Talvez eu faça uma mega sessão aqui em casa, não sei...
ExcluirNooossa você escreve muitooo bem!!! Adorei os relatos. Eu sei que ultimamente muuuitos filmes andam meio "vazios", não é mais a mesma coisa como era antigamente, mas vou assistir sim. Afinal, são quantos anos de espera?? hahaha
ResponderExcluirBeijosss
http://spaceindaze.blogspot.com
Não sou muito fã de filmes de desenho, então nem vou assistir. Mas entendi o que você quis dizer. É que as vezes pensam que como é para criança não precisa ter um algo a mais. Se esquecem dos adultos que vão levar as crianças para assistir.
ResponderExcluirhttp://blogprefacio.blogspot.com.br/
Eu sou muito fã das animações também, Isabel. Mas realmente, é complicado você fazer uma animação que seja para todas as faixas etárias sem conseguir fazer com que o filme fique cansativo. Minhas expectativas estão muito altas porque eu amei o Monstros S.A. e sabe como é, esse filme é marcante. *-*
ResponderExcluirMas que pena que a maioria das animações hoje em dia não consigam chegar a um patamar que os torne inesquecíveis. Está difícil.
Um beijo,
Luara - Estante Vertical
Ainda não assisti Universidade de Montros, mas enquanto lia logo lembrei de Valente e, veja só, você falou dela logo em seguida. Gostei do filme, claro, mas faltava aquela coisa característica da Pixar. Acho que eles se perderam nesses últimos filmes, quem sabe nos próximos consigam reencontrar aquela essência tão importante do estúdios. (:
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